terça-feira, 22 de março de 2011

Um pouco de consciência nunca faz mal.


Sei que acabei sumindo um pouco, mas como já diz o ditado “quem é vivo sempre aparece”. E estando eu aqui, nada melhor que escrever um pouco sobre o que penso, não é verdade? Bom... espero que sim, e espero também que todos gostem do meu post de hoje. ;)


O que os eventos do cenário mundial têm a contribuir para a minha vida privada, tanto para o bem quanto para o mal? Em que o curso da história e suas implicações políticas afetam o meu dia-dia? Por que me interessar pelas mudanças econômicas? Como coisas aparentemente tão impessoais podem afetar o nosso ser individual e nossa vida privada? Como enxergar e compreender as inúmeras pontes entre eventos e fenômenos sociais, com nossa vida intima?


Temos que começar compreender que todas as ações do cenário social funcionam como uma reação em cadeia. Tendemos a lidar com fatos isolados, mas eles não “agem” dessa forma. Lidamos com a sociedade como se a mesma fosse apenas um termo, sem implicações práticas e humanas. Esquecemos que a história é do ser humano e não dos fatos, estes últimos são apenas conseqüências da forma pela qual o ser humano pensa e posteriormente age. Devemos nos importar com a esfera política por que é através dela que os nossos representantes estabelecem normas e leis que nos atingem de forma prática e inevitável. *Lembrando que segundo o dicionário Evanildo Bechara, um dos significados de Política é: “Capacidade de atender a interesses diversificados.”


O sociólogo C.Wright Mills exemplifica muito bem como decisões aparentemente impessoais constantemente nos atingem de forma pessoal, transcreverei a seguir trechos de um dos seus livros, que aborda esse assunto tão importante e tão ignorado:


“As realidades da história contemporânea constituem também realidades para o êxito e o fracasso de homens e mulheres, individualmente. Quando uma sociedade se industrializa, o camponês se transforma em trabalhador, o senhor feudal desaparece, ou passa a ser homem de negócios. Quando as classes ascendem ou caem, o homem tem emprego ou fica desempregado; quando uma taxa de investimento se eleva ou desce, o homem se entusiasma, ou se desanima. Quando há guerras, o corretor de seguros se transforma no lançador de foguetes, o caixeiro da loja, em homem do radar; a mulher vive só, a criança cresce sem pai. A vida doindividuo e a história da sociedade não podem ser compreendidas sem compreendermos essas alternativas.


E apesar disso, os homens não definem, habitualmente, suas ansiedades em termos de transformação histórica e contradiçãoinstitucional. O bem-estar que desfrutam, não o atribuem habitualmente aos grandes altos e baixos das sociedades em que vivem. Raramente tem consciência da complexa ligação entre suas vidas e o curso da história mundial; por isso, os homens comuns não sabem, quase sempre, o que esta ligação significa para os tipos de ser em que se estão transformando e para o tipo de evolução histórica de que podem participar. [...] Será de espantar que os homens comuns sintam sua incapacidade de enfrentar os horizontes mais extensos à frente dos quais foram tão subitamente colocados? Que não possam compreender o sentido de sua época e de suas próprias vidas? Que – em defesa do eu – se tornem moralmente insensíveis, tentando permanecer como seres totalmente particulares? Será de espantar que se tornem possuídos de uma sensação de encurralamento?


Não é apenas de informação que precisam – nesta Idade do Fato, a informação lhes domina com freqüência a atenção e esmaga a capacidade de assimilá-la. [...]

Nossa época é uma época de inquietação e indiferença – ainda não foram formuladas de modo a permitir que sobre elas se exerçam a razão e a sensibilidade. Ao invés de problemas – definidos em termos de valores e ameaças – há com freqüência a miséria da inquietação vaga; ao invés das questões explícitas, há com freqüência o sentimento desanimador de que algo não está certo. Nem os valores ameaçados, nem aquilo que os ameaça, foram formulados. [...] “o principal perigo do homem” está nas forças desregradas da própria sociedade contemporânea, com seus métodos de produção alienantes, suas técnicas envolventes de domínio político [...]”




Bibliografia: C.Wright Mills em, A Imaginação Sociológica


*OBS: Espero que entendam a minha falta de tempo, por isso, sempre que postar no blog da taberna, postarei a mesma coisa aqui também. Mas em breve poderei postar normalmente aqui. Obrigado pela compreenção. ; ) Beijos e queijos!



2 comentários:

  1. Você sempre foi um político Caitão...
    Old School.
    se cuida
    JJ

    ResponderExcluir
  2. faço das suas, as minhas palavras! pessoas que não entendem a importância da história são, no mínimo, pessoas sem conteúdo.

    ResponderExcluir